segunda-feira, 24 de novembro de 2014

À conversa com... Sérgio Godinho

No próximo dia 12 de Dezembro, às 21.30 horas, na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, vamos conversar com Sérgio Godinho sobre o seu mais recente livro intitulado "Vidadupla".

O Autor

Sérgio Godinho nasceu no Porto e aí viveu até aos vinte anos, altura em que saiu de Portugal. Estudou Psicologia em Genêve durante dois anos, antes de tomar a decisão «para a vida» de se dedicar às artes. Foi actor de teatro e começou a exercitar a escrita de canções nos finais dos anos 60. É de 1971 o seu primeiro álbum, Os Sobreviventes, seguido de mais vinte e sete até aos dias de hoje. Sérgio Godinho é um dos músicos portugueses mais influentes dos  últimos quarenta anos. Sobre si próprio disse: «Não vivo se não criar, não crio se não viver. Essa balança incerta sempre foi a pedra de toque da minha vida.» O seu percurso espelha, precisamente, essa poderosa interacção entre a  vida e a arte. Voz polifónica, Sérgio Godinho levou frequentemente a sua escrita a outras paragens. Guiões de cinema (Kilas, o Mau da Fita), peças de teatro (Eu Tu Ele NóS Vós Eles), séries de televisão, histórias infanto-juvenis (O Pequeno Livro dos Medos), poesia (O Sangue por um Fio), crónicas (Caríssimas Quarenta Canções), entre vários exemplos. Vidadupla é o capítulo presente desse estimulante itinerário pessoal.
 
O Livro

O que esconde e o que revela um velho lençol puído sobre a intimidade de uma mulher? Como se prova a inocência quando um álibi incrimina? O que significa a morte na vida de um carrasco, e o que significa a vida nodia da sua morte? Para onde rolam as bicicletas e caminha a história das duas operárias? O que leva um homem a deixar a sua casa, noite após noite, para dormir na rua?
Estas são algumas questões propostas pelas histórias de Vidadupla: um extraordinário mosaico - poético e operático -, em que as figuras se desdobram de pessoas comuns em fantasiosas personagens (e vice-versa), que cumprem um singular destino através do papel que lhes coube no circo da vida.
 

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

À conversa com... João Tordo

No próximo dia 14 de Novembro, às 21.30 horas, na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, vamos conversar com o escritor João Tordo sobre o seu mais recente livro intitulado "Biografia involuntária dos amantes".
 
 
O Autor
João Tordo nasceu em Lisboa em 1975. Formado em Filosofia pela Universidade Nova de Lisboa, trabalhou como jornalista freelancer em vários jornais. Viveu em Londres e nos Estados Unidos. Em 2001, venceu o Prémio Jovens Criadores na categoria de Literatura e, mais tarde, o Prémio Literário José Saramago 2009 com As Três Vidas (2008), tendo sido finalista, com o mesmo romance, do Prémio Portugal Telecom, em 2011. Com o romance O Bom Inverno, publicado em 2010, foi finalista do Prémio Melhor Livro de Ficção Narrativa da Sociedade Portuguesa de Autores e do Prémio Fernando Namora; a tradução francesa integrou os finalistas da 6.ª edição do Prémio Literário Europeu. Da sua obra publicada constam ainda os romances: O Livro dos Homens sem Luz(2004), Hotel Memória (2007), Anatomia dos Mártires (2011), finalista do Prémio Fernando Namora, e O Ano Sabático (2013). Os seus livros estão publicados em vários países, incluindo França, Itália e Brasil. Biografia involuntária dos amantes é o seu sétimo romance.

 
O Livro

Numa estrada adormecida da Galiza, dois homens atropelam um javali. A visão do animal morto na estrada levará um deles —Saldaña Paris, um jovem poeta mexicano de olhos azuis inquietos — a puxar o primeiro fio do novelo da sua vida. Instigado pelas confissões desconjuntadas do poeta, o seu companheiro de viagem — um professor universitário divorciado — irá tentar descobrir o que está por trás da persistente melancolia de Saldaña Paris. A viagem de descoberta começa com a leitura de um manuscrito da autoria da ex-mulher do mexicano, Teresa, que morreu há pouco tempo e marcou a vida do poeta como um ferro em brasa. O narrador não poderia adivinhar (porque nunca podemos saber as verdadeiras consequências dos nossos actos) que a leitura desse manuscrito teria o mesmo efeito sobre a sua vida.
As páginas escritas por Teresa revelam a sua adolescência no seio de uma família portuguesa contaminada pela desilusão: um pai ausente e alcoólico, um tio aventureiro e misterioso, uma mãe demasiado protectora. Mas o que ressalta com maior vivacidade daquelas páginas é o relato enternecedor do seu primeiro amor, ao mesmo tempo que começam a insinuar-se na sua vida realidades grotescas e brutais. Confrontado pela primeira vez com a suspeita dessa terrível possibilidade, Saldaña Paris mergulha numa depressão profunda. Determinado em libertar o amigo do poder corrosivo do mal, o nosso narrador compõe então, peça a peça, a biografia involuntária dos dois amantes. Uma biografia que passa pelo desvelar do passado, para que este não contamine irremediavelmente o futuro.
 

HOMENAGEM AO PROF. JOSÉ BENTO





HOMENAGEM

   

 
   
josé bento
1951—2014

clube de leitura da biblioteca municipal de viana do castelo


na hora de pôr a mesa, éramos cinco: o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs e eu. depois, a minha irmã mais velha casou-se. depois, a minha irmã mais nova casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje, na hora de pôr a mesa, somos cinco, menos a minha irmã mais velha que está na casa dela, menos a minha irmã mais nova que está na casa dela, menos o meu pai, menos a minha mãe viúva. cada um deles é um lugar vazio nesta mesa onde como sozinho. mas irão estar sempre aqui. na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco. enquanto um de nós estiver vivo, seremos sempre cinco.

                                                                                                                                                 In josé luís peixoto, «a casa em ruínas

À VOLTA DA MESA SEREMOS SEMPRE DEZOITO


Todos os anos, entrando março, o clube afadiga-se na planificação do aniversário. Os dezoito sentam-se à roda da mesa e toca de esgrimir argumentos. Duas condições apenas: o programa deve apaziguar o espírito e alimentar o corpo.

Vista de fora, por um observador menos atento, a reunião não será muito diferente daquela segunda assembleia dos principais comandantes rebeldes do Coronel Aureliano Buendía:
«… idealistas, ambiciosos, aventureiros, gente com ressentimentos sociais e delinquentes comuns. Havia até um antigo funcionário conservador que se asilara na revolta para fugir ao julgamento por desvio de fundos. Muitos nem sabiam por que lutavam». Mas não, embora, como os homens do Coronel Aureliano, o clube seja também uma multidão matizada, as diferenças de opinião jamais ficarão perto de provocar uma explosão interna.
 
Subtraindo a sugestão do sonhador que todos os anos acha que devemos partir para o sul a calcorrear a Patagónia, seguindo os passos de Chatwin, não já para fugir às bombas de cobalto de Estaline, mas em demanda do milodonte e do nostálgico, confundindo John Reed com Warren Beatty, que não senhor, o clube devia era embarcar em Petrogrado, assim mesmo, em Petrogrado, e seguir pelas estepes infindáveis até o mar do Japão nos cortar a marcha. Pelo caminho, na aridez da paisagem da Ásia profunda, havíamos de encontrar resquícios bolcheviques de dezassete que ainda por lá, com certeza, os haverá.

Mas é dos sonhos dos outros, de geografias bem mais modestas, que, invariavelmente, se elege o destino.

Uma vez eleito, o "esgotante" trabalho da assembleia chega ao fim. Agora é hora de se traçar o plano de pormenor: de se eleger a ermida em desfavor da catedral, de se escolher o postigo em vez da porta monumental, de se privilegiar a anta esquecendo o mausoléu, de se preterir o Sauvignon em favor do Antão Vaz de colheita serôdia… e no fim, o Bento, porque isto era sempre trabalho do Bento, joeirado o plano, explica-o ao clube, como explicaria aos seus alunos, com um terno pitagórico, a irrepreensível perpendicularidade dos lados de um triângulo. Foi com ele que admiramos as fachadas
furta-cores da Ágata Ruiz de La Prada no Bairro da Conceição e a notável tecnologia que permitirá ainda a muitas gerações de turistas admirar a soberba construção das casinhas oitocentistas da Praça de Santiago. Foi com o Bento que visitamos a austera alfândega régia que el rei D. João II, o príncipe perfeito, para acautelar os negócios da coroa, mandou erigir em Vila do Conde e, a bordo da caravela Bartolomeu Dias, homenageamos os marinheiros da prodigiosa aventura de quinhentos e foi com o Bento, na casa do Régio, que tomamos conhecimento da peculiar coleção de crucifixos do poeta.

Quando março chegar, rumaremos à Galiza. À Galiza de Rosalía: «
Galiza florida, / Qual ela não há: / De flores coberta / Coberta d’espumas». Lá chegados, havemos de procurar as meninas de pedra que brincam ao arco, perpetuamente, numa pracinha de Pontevedra e havemos de espreitar a tertúlia do Café Moderno: com sorte, talvez consigamos ouvir dos tertulianos, fartos vivas à República. Havemos de nos perder no emaranhado das ruas antigas e descansar na Praza de Ferraría à sombra do velho convento, aspirando o perfume das camélias. Depois rumaremos a norte. Atravessamos o Ulla e lá ao longe, veremos aparecer, sobre as águas calmas da ria de Arousa, qual jogo de batalha naval, o extenso quadriculado das plataformas dos mariscadores que nos acompanharão até Rianxo. Lá chegados iremos em peregrinação até à casa de Daniel Castelao, o poeta do Galeguismo que a Falange baniu para o ultramar. Alguém há-de ler o seu mais belo poema que a nossa Dulce Pontes canta maravilhosamente: «Están as nubes chorando / Por un amor que morreu / Están as ruas molladas / De tanto como Chovéu».
 
E quando a fome e o cansaço nos vencerem, sentámo-nos à mesa. Comeremos polvo, mexilhões, navalhas e batatas ao vapor. E no fim, os dezoito, porque à volta da mesa seremos sempre dezoito, de pé, com o melhor vinho ribeiro das fráguas galegas, brindaremos à amizade que nos une, à vida e aos livros.




carlos ponte, outubro de 2014


BIBLIOTECA MUNICIPAL DE VIANA DO CASTELO trinta e um de outubro de dois mil e catorze

clube de leitura da biblioteca municipal de viana do castelo
 
carlos ponte
cristina bastardo
élia baeta
fernando gomes
giseli jácome
glória lourenço
helena guerreiro
isabel campos
josé bento
josé manuel cristino
lurdes carreira
manuel alberto silva
manuel joão costa
maria do céu campos costa
maria josé nora
paulo correia
rita arantes
rui faria viana

 
 
 
 
 



terça-feira, 4 de novembro de 2014

À conversa com ... Manuel Jorge Marmelo

A conversa com o escritor Manuel Jorge Marmelo foi assim...

 
 
 
 
 

 
Impressão deixada pelo escritor Manuel Jorge Marmelo.