As fotos da conversa com Marlene Ferraz (20 de Setembro de 2013)
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
À conversa com... Marlene Ferraz
No próximo dia 20 de Setembro, às 21.30 horas, na Biblioteca Municipal, iremos conversar com Marlene Ferraz a propósito do livro "A vida inútil de José Homem" (Prémio literário revelação Agustina Bessa-Luís 2012).
A Autora
MARLENE
FERRAZ, de 1979, tem os pés pousados em terras a norte. Com o ofício da
psicologia, assume um enamoramento imprudente pela escrita.
Tem vindo
a dedicar-se particularmente ao conto: «Na Terra dos Homens» (Prémio Miguel
Torga 2008), «O Amargo das Laranjas» (Prémio Florêncio Terra 2008), «O Tempo do
Senhor Blum e outros contos» (Prémio Afonso Duarte 2012), entre outros. A Vida Inútil de José Homem é
o primeiro romance (Prémio Agustina Bessa-Luís 2012).
O Livro
A
Vida Inútil de José Homem de
Marlene Ferraz é o primeiro romance de uma autora já várias vezes
premiada pela ficção breve. Revelador de uma
grande desenvoltura e originalidade na utilização de um vocabulário
rico, em vários registos, assim como no desenho das personagens, A
Vida Inútil de José Homem narra a
história de duas pessoas que, não tendo conhecido o afecto por razões
diversas, o aprendem juntas – uma no final da vida, a outra no seu início.
As idas à grande cidade para se libertar da herança
de um pai coronel verticalmente duro e de uma mãe extravagante e desligada
fazem com que José Homem se sinta no bom caminho para uma morte sem memórias
nem saudade. Descrente no governo de deus e, sim, das circunstâncias, é por mão
do padre que se vê obrigado a relacionar-se com um dos rapazes estrangeiros
recebidos no orfanato, Antonino, mutilado na guerra civil de Angola, o que vem
despertar em si um sopro inesperado de amor e vontade.
A Vida Inútil de José Homem de Marlene Ferraz é uma narrativa
tocante, que eleva e exalta.
segunda-feira, 8 de julho de 2013
OS DEUSES E OS DEMÓNIOS, O CÉU E A TERRA
Se quiseres partir amanhã
Eu paro o mundo
Pedro Barroso
O escrúpulo de físico que, estou em crer, nunca permitiria a Camarneiro estas liberdades de poeta de parar o mundo, não o impediu, todavia, de começar já a contraí-lo. Não a truncá-lo porque isso resultaria num mundo desequilibrado e esse não é o que nos é mostrado em “Debaixo de Algum Céu” mas, tão só, um mundo encolhido mas perfeito porque obedecendo às regras da proporcionalidade. Lá encontramos todos os ingredientes que tornam perfeito um mundo, a começar por aqueles homens rômbicos [e] mal feitos para encaixar porque nenhum mundo pode ser perfeito se não tiver lugar para homens imperfeitos. Lá encontramos as dúvidas e as inquietações do padre Daniel, tão novo e [com] um mistério tão grande para explicar. Dividido entre um amor impossível e a obrigação de apascentar o rebanho, este pastor de uma paróquia pequena mas devota, como são quase todas as terras onde os homens morrem só de ganhar a vida, jamais conseguirá ultrapassar a dúvida que o assalta uma e outra vez: pode Deus estar certo e mesmo assim não existir? Ele, que humildemente pedirá ao proscrito que um dia lhe perguntou se Deus é como dormir abrigado do vento, que o ensine a pescar, há-de, num acesso de lucidez, confessar-lhe que tem as mãos cansadas de cruzes, fartas de benzer e lançar terra. Lá encontramos os demónios que nos apoquentam: os que se escondem no breu deixado em cada rotação do farol por aquela luz que os homens do mar sabem ler e onde vêem deuses favoráveis, mães e mulheres e o calor que lhes falta, e os que se acoitam na cabeça do pequeno Frederico e lhe ditam as histórias que ele conta com desenhos: cavalos e homens com espadas, céus cor de laranja e mares encapelados. Lá se encontram aqueles que se isolam, que fogem sempre, até que um dia, olhando o mundo, vêem o que nunca tinham intuído e, tal como o jovem David, juram promessas de conversão: Um dia há-de deitar-se cedo e acordar fresco […] Passear junto ao mar, cumprimentar os pescadores e comer pão quente na padaria. Lá encontramos tudo isso e encontramos também a personagem magnífica de Marco Moço, todo cheio de filosofias, construindo um instrumento de imitar a memória enquanto vai imaginando um mundo onde os deuses se pudessem dispensar e todos construíssem máquinas loucas na cave: um motor para retardar o tempo, um projector de sonhos, um realejo que cante poemas sempre novos, um telescópio para olhar o passado, uma máquina de fazer marés. Moço, que podia bem ser um deus se o mundo encolhesse até ao volume do prédio onde vive, com os materiais que o mar cada dia restitui à praia, madeira e ferro e também latas, cordas, plásticos, ramos secos, sapatos, porque tudo se pode encontrar por onde os homens passam, sem pressas, porque as memórias fazem-se de tempo, vai acertando a sua máquina prodigiosa de brisas e tempestades. E encontramos as mulheres, a viúva do Calvinista que, já idosa, Marco Moço e a máquina do vento resgatarão a uma vida de recordações que a trazem manietada e também Manuela dividida entre o prazer do chocolate e o dever fastidioso da casa e do trabalho, olhando, um dia, o espelho na esperança que este não lhe exagere a idade e Constança que sabia de ciência certa que a mama, as fraldas, as roupinhas de criança e as reuniões de trabalho do marido lhe iriam arruinar o casamento porque os homens são também crianças, passam a vida à procura das mulheres sem saberem que o que lhes falta está metido dentro delas. Soubessem eles quantas mulheres dormem dentro de cada uma delas… mas não sabem. E encontramos ainda outras mulheres, Beatriz, a desgraçada Beatriz que morrerá sozinha no meio de toda a gente, e todas as outras, todas as mulheres do mundo que não diferem muito da São, a peixeira que um dia ofereceu uma saca de peixe ao padre Daniel: se gostar dos bichos reze pela minha alminha. O pastor aceita os peixes e talvez pense nessa sabedoria primordial das mulheres que deixa aos homens a manutenção do sagrado, os ritos e as palavras com que se fala a Deus, mas é a voz delas que fala na sua, são seus os rogos e graças, só elas Lhe sabem falar a modo. Parafraseando um tal Mau-Tempo, este livro fala de todos estes e de muitos outros de quem não sabemos os nomes mas conhecemos as vidas. E durante oito dias, debaixo de um pedaço de céu, os sonhos e os pesadelos, a integridade e a vilania, a alegria e a tristeza, a tolerância e o rigor, o jugo e a libertação, o sagrado e o profano, os deuses e os demónios, o céu e a terra.
quarta-feira, 26 de junho de 2013
À conversa com... Nuno Camarneiro
No próximo dia 19 de Julho, às 21.30 horas, na Biblioteca Municipal, iremos conversar com Nuno Camaneiro a propósito do livro "Debaixo de algum céu" (Prémio LeYa 2012).
Nuno
Camarneiro nasceu na Figueira da Foz em 1977. Licenciou-se em Engenharia Física
pela Universidade de Coimbra, trabalhou no CERN (Organização Europeia para a
Investigação Nuclear) e doutorou-se em Ciência Aplicada ao Património Cultural
pela Universidade de Florença. Actualmente desenvolve a sua investigação na
Universidade de Aveiro e é docente no Departamento de Ciências da Educação e do
Património da Universidade Portucalense.
Em 2011
publicou o seu primeiro romance, No Meu Peito Não Cabem Pássaros, saudado
pela crítica, publicado também no Brasil e cuja tradução francesa está prevista
para breve. Foi o primeiro autor escolhido pela Biblioteca Municipal de Oeiras,
parceira portuguesa da iniciativa, para participar no Festival do Primeiro
Romance de Chambéry, França. Publicou um texto na prestigiada Nouvelle
Revue Française na rubrica Un mot d’ailleurs e tem
diversos contos em revistas nacionais e estrangeiras.
Sinopse do livro
Num prédio
encostado à praia, homens, mulheres e crianças – vizinhos que se cruzam mas se
desconhecem – andam à procura do que lhes falta: um pouco de paz, de música, de
calor, de um deus que lhes sirva. Todas as janelas estão viradas para dentro e
até o vento parece soprar em quem lá vive.
Há uma
viúva sozinha com um gato, um homem que se esconde a inventar futuros, o bebé
que testa os pais desavindos, o reformado que constrói loucuras na cave, uma
família quase quase normal, um padre com uma doença de fé, o apartamento vazio
cheio dos que o deixaram. O elevador sobe cansado, a menina chora e os canos
estrebucham. É esse o som dos dias, porque não há maneira de o medo se fazer
ouvir.
A semana
em que decorre esta história é bruscamente interrompida por uma tempestade que
deixa o prédio sem luz e suspende as vidas das personagens – como uma bolha no
tempo que permite pensar, rever o passado, perdoar, reagir, ser também mais
vizinho.
Entre o
fim de um ano e o começo de outro, tudo pode realmente acontecer – e, pelo
meio, nasce Cristo e salva-se um homem. Embora numa cidade de província, e à
beira-mar, este prédio fica mesmo ao virar da esquina, talvez o habitemos e não
o saibamos.
Com imagens de extraordinário
fulgor a que o autor nos habituou com o seu primeiro romance, Debaixo de Algum
Céu – obra vencedora do Prémio LeYa em 2012 – retrata de forma límpida e
comovente o purgatório que é a vida dos homens e a busca que cada um empreende
pela redenção.Da Declaração do júri da Prémio LeYa 2012:
«A escrita é precisa e flui sem ceder à facilidade, mas reflectindo a consciência de um jogo entre o desejo de chegar ao seu destinatário, o leitor, e um recurso mínimo a artifícios retóricos em que só uma sensibilidade poética eleva e salva a banalidade e os limites do quotidiano.
O júri destacou nesta obra o domínio e a segurança da escrita, a coerência com que é seguido o projecto, a força no desnho das personagens e a humanidade subjacente ao que poderá ser lido como uma alegoria do mundo contemporâneo.»
Manuel Alegre (Presidente), José Carlos Seabra Pereira,
José Castello, Lourenço do Rosário, Nuno Júdice,
Pepetela e Rita Chaves
segunda-feira, 24 de junho de 2013
À conversa com... o escritor Domingos Amaral
Opinião do escritor Domingos Amaral sobre a conversa realizada no dia 21 de Junho, na Biblioteca Municipal.
À conversa com... Domingos Amaral
Fotorreportagem da conversa com o escritor Domingos Amaral, realizada no dia 21 de Junho de 2013, na Biblioteca Municipal.
segunda-feira, 3 de junho de 2013
À conversa com... Domingos Amaral
No próximo dia 21 de Junho, às 21.30 horas, na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal, vamos estar à conversa com DOMINGOS AMARAL a propósito do seu livro O RETRATO DA MÃE DE HITLER.
O Livro
No mesmo
dia em que Hitler morreu, 30 de abril de 1945, um coronel das SS chamado
Manfred apodera-se de um valioso tesouro nazi, roubando um cofre em Munique,
que contém alguns bens pessoais do próprio Führer, entre os quais uma pistola
dourada e o retrato da mãe de Hitler.
Perseguido
pelos judeus, Manfred acaba por chegar a Portugal, onde irá tentar vender o seu
tesouro aos colecionadores de relíquias nazis.
Jack Gil
Mascarenhas Deane já não trabalha para os serviços secretos ingleses, pois a
guerra acabou, mas a chegada do seu pai a Lisboa vai alterar a sua vida. O pai
é um colecionador de tesouros nazis e vai obrigar Jack Gil a ajudá-lo na sua
demanda pelos valiosos artefactos, que muitos nazis, como Manfred, tentam
vender em Lisboa, antes de fugirem para a América do Sul. Dividido entre o
desejo de ajudar o pai e o desejo de partir de Lisboa, Jack Gil está também
dividido nos seus amores, pois embora esteja apaixonado por Lui¬sinha, uma
portuguesa que adora cinema e acredita na democracia, fica perturbado pelo
regresso de Alice, o seu amor antigo, uma mulher duvidosa, misteriosa mas
entusiasmante, que fora a sua paixão de uns anos antes, e que desaparecera
certa noite da sua vida.
O Autor
Domingos
Amaral nasceu a 12 de outubro de 1967, em Lisboa. É casado e pai de quatro
filhos. Formado em Economia, pela Universidade Católica Portuguesa, onde é
atualmente professor da cadeira de Economia do Desporto, tem também um mestrado
em Relações Económicas Internacionais pela Universidade de Columbia, em Nova
Iorque.
Durante
muitos anos foi jornalista, primeiro no jornal O Independente, onde
trabalhou 11 anos; tendo depois sido diretor das revistas Maxmen,
durante sete anos, e GQ, por quatro anos. Além disso colaborou como
cronista em diversos jornais e revistas. Já tem sete romances publicados, todos
na Casa das Letras: Amor à Primeira Vista, O Fanático do
Sushi, Os Cavaleiros de São João Baptista,Enquanto Salazar
Dormia (já editado no Brasil, Polónia e Itália), Já Ninguém
Morre de Amor, Quando Lisboa Tremeu (também editado no
Brasil) e Verão Quente. Editou igualmente o livro de crónicas Cozido
à Portuguesa, e um livro sobre economia do futebol, com o título Porque
é que o FC Porto é campeão e o Benfica só ganha Taças da Liga?
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