quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
À conversa com... Jacinto Lucas Pires
Dia 9 de Dezembro, às 21.30 horas, na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, vamos estar À conversa com... Jacinto Lucas Pires, a propósito do seu livro intitulado "O verdadeiro ator".
O Livro
"Não há nem um gesto, a mínima sugestão de violência. Só o peso da multidão portuguesa, de braços para baixo, corajosos ombros contra as portadas institucionais. Nem uma palavra mais dura sequer, apenas uns milhares, um milhão, de almas usando o peso da maneira mais sóbria. Ombros, testas, coxas, imaginem. Começa.»
O Autor
Escritor português, nascido em 1974, no Porto, filho do ilustre professor universitário Francisco Lucas Pires (que nos legou alguns textos ensaísticos de reconhecido valor).
Prosseguindo os passos do seu pai, no gosto pela escrita, Jacinto Lucas Pires publicou, em 1996, o seu primeiro livro, um livro de contos intitulado "Para Averiguar do seu Grau de Pureza".
Descoberta esta faceta, a imaginação criativa não lhe deu mais tréguas, sendo já muitos e diversificados os títulos editados, em género narrativo, dramático e a crónica.
Jovem determinado e confiante, Jacinto Lucas Pires direcciona a sua actividade criativa ficcional em vários sentidos, escrevendo também o argumento da curta-metragem "É Só um Minuto", realizado por Pedro Caldas, e realizando ele próprio, em 1999, a curta-metragem "Cinemamor". Como cronista, é responsável por uma crónica (...)
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Impressão deixada pelo escritor Mário Cláudio
Impressão deixada pelo escritor Mário Cláudio na sequência da conversa realizada, no dia 18 de Novembro, na Biblioteca Municipal de Viana do Castelo.
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Revista OS MEUS LIVROS
Destaque na agenda da revista OS MEUS LIVROS , n.º 104, de Novembro 2011, da conversa com o escritor Mário Cláudio.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
À conversa com... Mário Cláudio
Dia 18 de Novembro, às 21.30 horas, na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, vamos estar À conversa com... Mário Cláudio, a propósito do seu livro intitulado "Tiago Veiga: uma biografia".
O Autor
Escritor português, de nome verdadeiro Rui Manuel Pinto Barbot Costa, nascido a 6 de novembro de 1941, no Porto. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, onde se diplomou também como bibliotecário-arquivista, e master of Arts em biblioteconomia e Ciências Documentais pelo University College de Londres, revelou-se como poeta com o volume Ciclo de Cypris (1969). Tradutor de autores como William Beckford, Odysseus Elytis, Nikos Gatsos e Virginia Woolf, foi, porém, como ficcionista que mais se afirmou.
Publicou com o nome próprio, uma vez que "Mário Cláudio" é pseudónimo, um Estudo do Analfabetismo em Portugal, obra que reúne a sua tese de mestrado e uma comunicação apresentada no 6.° Encontro de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas Portugueses, em 1978. Colaborador em várias publicações periódicas, como Loreto 13, (...)
Publicou com o nome próprio, uma vez que "Mário Cláudio" é pseudónimo, um Estudo do Analfabetismo em Portugal, obra que reúne a sua tese de mestrado e uma comunicação apresentada no 6.° Encontro de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas Portugueses, em 1978. Colaborador em várias publicações periódicas, como Loreto 13, (...)
O livro
Tiago Veiga cresceu numa aldeia do Alto Minho em 1900, e nesse mesmo lugar viria a morrer em 1988. Bisneto pelo lado paterno de Camilo Castelo Branco, e só de muito poucos conhecido ainda, Veiga protagonizaria uma singularíssima aventura poética na história da literatura portuguesa. Apesar de se ter manifestado quase sempre refractário à publicação dos seus escritos, e mais ou menos arredio dos movimentos da chamada «vida literária», não falta quem comece a saudar em Tiago Veiga a incontestável originalidade de uma voz, e o poderio impressionante que lhe assiste.
A sua biografia, redigida aqui por Mário Cláudio que o conheceu pessoalmente, não deixará de configurar de resto matéria de suplementar interesse pela relevância das figuras com que Veiga se cruzou, e entre as quais se destacam poetas como Jean Cocteau e Fernando Pessoa, Edith Sitwell e Marianne Moore, Ruy Cinatti e Luís Miguel Nava, políticos como Bernardino Machado e Manuel Teixeira Gomes, pensadores como Benedetto Croce, e até simples ornamentos do mundanismo internacional como a milionária Barbara Hutton. A isto acrescerá a crónica de um longo percurso de viajante civilizado, e testemunha de vários acontecimentos significativos do seu tempo, o que, tudo junto imprimiria à sua existência, neste livro minudentemente relatada por Mário Cláudio, uma vigorosa espessura romanesca.
A obra de Tiago Veiga, da qual se publicariam postumamente três títulos apenas, e nem sequer os de maior importância, ficará a partir de agora mais aberta à curiosidade do grande público.
Bisneto de Camilo Castelo Branco, e autor de uma obra poética fragmentária, mas originalíssima, Tiago Veiga (1900-1988) constitui caso singular na literatura portuguesa. Europeu por vocação, e interlocutor de Fernando Pessoa, Edith Sitwell, Jean Cocteau, W. B. Yeats, Benedetto Croce, José Régio, Marianne Moore, ou Luís Miguel Nava, o homem aqui biografado ficará certamente como invulgar testemunha do século em que viveu.
A sua biografia, redigida aqui por Mário Cláudio que o conheceu pessoalmente, não deixará de configurar de resto matéria de suplementar interesse pela relevância das figuras com que Veiga se cruzou, e entre as quais se destacam poetas como Jean Cocteau e Fernando Pessoa, Edith Sitwell e Marianne Moore, Ruy Cinatti e Luís Miguel Nava, políticos como Bernardino Machado e Manuel Teixeira Gomes, pensadores como Benedetto Croce, e até simples ornamentos do mundanismo internacional como a milionária Barbara Hutton. A isto acrescerá a crónica de um longo percurso de viajante civilizado, e testemunha de vários acontecimentos significativos do seu tempo, o que, tudo junto imprimiria à sua existência, neste livro minudentemente relatada por Mário Cláudio, uma vigorosa espessura romanesca.
A obra de Tiago Veiga, da qual se publicariam postumamente três títulos apenas, e nem sequer os de maior importância, ficará a partir de agora mais aberta à curiosidade do grande público.
Bisneto de Camilo Castelo Branco, e autor de uma obra poética fragmentária, mas originalíssima, Tiago Veiga (1900-1988) constitui caso singular na literatura portuguesa. Europeu por vocação, e interlocutor de Fernando Pessoa, Edith Sitwell, Jean Cocteau, W. B. Yeats, Benedetto Croce, José Régio, Marianne Moore, ou Luís Miguel Nava, o homem aqui biografado ficará certamente como invulgar testemunha do século em que viveu.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Imagens d'A conversa com ... Cândida Pinto
No dia 21 de Outubro, às 21.30 horas, na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, conversamos com... Cândida Pinto como se pode ver nas fotos que a seguir apresentamos:
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Impressão de Cândida Pinto sobre a última conversa
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
À conversa com... Cândida Pinto
Dia 21 de Outubro, às 21.30 horas, na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, vamos estar À conversa com... Cândida Pinto, a propósito do seu livro intitulado "Snu e a vida privada com Sá Carneiro".
Cândida Pinto
Cândida Pinto
Jornalista portuguesa de rádio e televisão, Cândida Pinto nasceu em 1964, em Torres Vedras. Quando frequentava o 10.º ano do ensino secundário ganhou o gosto pelo jornalismo graças a uma professora que teve, precisamente, na disciplina de Jornalismo. Na sua juventude mudou-se para Lisboa, onde estudou Comunicação Social no Instituto de Ciências Sociais e Políticas. Ainda enquanto era estudante começou a fazer estágios, tendo principiado na Antena 1, canal da Radiodifusão Portuguesa. Cândida Pinto acabou por ficar a trabalhar neste canal público de rádio. Mais tarde, passou para a TSF-Rádio Jornal, pouco depois desta estação privada especializada em informação ter começado a emitir em 1988. Na altura do arranque da TSF, a jornalista estava na RDP e a fazer um curso de formação na Radiotelevisão Portuguesa. Na TSF, trabalhou com jornalistas de renome como Sena Santos, Emídio Rangel, Fernando Alves e Adelino Gomes. Contudo, a paixão pela televisão foi mais forte, especialmente depois de Cândida Pinto ter feito na RTP o curso de formação específica em linguagem televisiva. A sua preferência foi para a área da reportagem.
Quando a SIC - Sociedade Independente de Televisão surgiu, em outubro de 1992, Cândida Pinto era já uma das jornalistas que integravam o quadro redatorial do novo canal privado português. Rapidamente se notabilizou, afirmando-se como uma das melhores repórteres do país. Especializou-se em grandes reportagens e em reportagens de guerra. Assim, como repórter de guerra esteve em locais de conflito, como Angola (1994), Guiné (1998), Kosovo (1999), Timor e Afeganistão (2001).
A 17 de setembro de 2001, Cândida Pinto passou a dirigir a SIC-Notícias, canal especializado em informação que é transmitido através de cabo e que foi lançado em janeiro de 2001. Trocou assim a reportagem pela direção de um canal, um passo que considerou muito interessante do ponto de vista profissional.
Cândida Pinto. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-10-12].
Sinopse
Quis o destino que as vidas de Snu Abecassis e Sá Carneiro se cruzassem um dia, para nunca mais voltarem a ser iguais. A «Princesa que veio do frio», como se referiam a ela, era uma mulher obstinada, forte e cheia de vida. Fundadora das Publicações Dom Quixote, Snu criou uma linha editorial que não se cansava de enfrentar o regime. Ela era uma mulher que não tinha medo de nada. Assim foi Snu na vida profissional, mas também na pessoal, cuja grande paixão com Sá Carneiro desafiou todas as leis do Estado Novo. Por Sá Carneiro, Snu pediu o divórcio, o que era um escândalo na época. Por Snu, Sá Carneiro abandonou um casamento ultra conservador (não conseguindo, porém, de imediato o divórcio). Contra tudo e contra todos, assumiram uma união de facto, muito mal vista na época, e comportavam-se como marido e mulher. Mesmo sabendo que a sua carreira política poderia ficar ameaçada por esta união, Sá Carneiro não desarmou nunca, chegando a dizer inclusive em 1977 que «Se a situação for considerada incompatível com as minhas funções, escolherei a mulher que amo».
Este livro vai fazê-lo reviver uma das mais emocionantes histórias de amor já vividas em Portugal, uma história inspiradora interrompida apenas pelo trágico acidente/atentado de Camarate, onde ambos ambos perderam a vida. Revivendo a história de Snu e Sá Carneiro o leitor terá ainda a oportunidade de viajar por alguns dos capítulos mais importantes da história da democracia em Portugal, nos quais Sá Carneiro era um dos protagonistas principais.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Mensagem de J. Rentes de Carvalho
Mensagem enviada pelo escritor J. Rentes de Carvalho a propósito d' A conversa realizada no passado dia 30 de Setembro na Biblioteca Municipal.
Caríssimos,
(todos; os que encontrei e falei, os que só vi, os que não estavam mas pertencem à Biblioteca)
Foi surpresa e satisfação, tanto mais que vou de pé atrás para semelhantes andanças. Mas que alegria sentir-me assim de repente em casa, entre amigos, com o sentimento de ter retornado, não ao lugar do crime, mas ao palco de uma quase esquecida juventude.
Recordações assim guardam-se egoisticamente, não vá alguém (ex-namorada, ex-concorrente...) vir do longe dos anos a exigir um pedaço. E agradecem-se do coração.
Para todos, pois, aquele abraço.
J. Rentes de Carvalho
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
RENTES O FINGIDOR
Um dia, numa escola da cidade, um dos funcionários encontrou um desconhecido junto da cantina a olhar, apalermado, através das vidraças. Houve um tempo em que por cá se construíam escolas como o partido daquele saudoso político da nossa praça: «com paredes de vidro». Quanto ao partido, sempre duvidei da real diafaneidade dessas paredes, já quanto à escola, eu mesmo posso testemunhar, as paredes eram mesmo transparentes, de modo que o intruso podia ver tudo o que lá dentro se passava. O funcionário abordou o desconhecido informando-o que não podia permanecer ali. O homem encarou-o com olhar assombrado e, sem dar mostras de ter ouvido o que funcionário lhe tinha dito, começou a balbuciar que «não o conhecia». Referia-se ao filho: «Estou aqui a apreciar o comportamento dele e só tenho a dizer que não o conheço. Se não o tivesse visto e se me tivessem dito que ele fazia isto não teria acreditado». O filho divertia-se a fazer toda a sorte de patifarias que o pai jamais pensou um filho seu ser capaz de fazer. E, sem conseguir livrar-se daquele ar aterrado, concluiu: «ele em casa não é nada disto».
Lembrei-me deste episódio quando na última sexta feira ouvi o escritor J. Rentes de Carvalho na Biblioteca Municipal de Viana. Rentes de Carvalho que, mau grado ter nascido em Vila Nova de Gaia, vai para oitenta anos, gosta de reivindicar para si a posse de uma costela transmontana provando-o com complexos cálculos aritméticos, é um escritor consagrado na Holanda, onde vive há mais de meio século, mas quase desconhecido por cá, onde apenas há dois ou três anos a sua obra começou a ser realmente tratada como merece. Uma das suas primeiras obras editadas em Portugal, com quinze anos de atraso, diga-se, foi Tempo Contado. O livro é, na realidade, um diário onde, durante um ano inteirinho, entre 1994 e 1995 o escritor anota, religiosamente, “os casos do dia”. Foi com este livro que tomei conhecimento do autor. Lendo-o, sendo este um diário, comecei a criar o retrato do artista: um homem avinagrado e lúgubre, constantemente zangado, sem paciência, com pouco sentido de humor, enfim, um ser pouco menos que irascível. Ouvindo-o na Biblioteca senti-me como se teria sentido o pai na cantina da escola, observando horrorizado as tropelias do filho: não o conheço, ele em casa não é nada disto. A sala estava cheia e nunca por lá terá passado alguém que tivesse criado tal empatia com o público como ele. Talvez que como o poeta, Rentes de Carvalho seja um fingidor, aliás foi-o reconhecendo ao longo da sessão, o certo é que conseguiu estilhaçar a imagem que dele tinha começado a criar ao longo da leitura do Tempo Contado e de La Coca. Futuramente terei de ter mais cuidado com as entrelinhas do texto; talvez isso me livre destes embaraços.
Fotos d' A conversa com... J. Rentes de Carvalho
Dia 30 de Setembro, às 21.30 horas, na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo.
Testemunho de J. Rentes de Carvalho
Testemunho do escritor J. Rentes de Carvalho relativo à sessão realizada no passado dia 30 de Setembro, na Biblioteca Municipal.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
À conversa com... J. Rentes de Carvalho
Dia 30 de Setembro, às 21.30 horas, na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, vamos estar À conversa com... J. Rentes de Carvalho, a propósito do seu livro intitulado "La Coca".
O Autor
De ascendência transmontana, J.Rentes de Carvalho nasceu em 1930, em Vila Nova de Gaia, onde viveu até 1945. Frequentou no Porto o Liceu Alexandre Herculano, e mais tarde os de Viana do Castelo e de Vila Real, tendo cursado Românicas e Direito em Lisboa – onde cumpriu o serviço militar. Obrigado a abandonar o país por motivos políticos, viveu no Rio de Janeiro, em São Paulo, Nova Iorque e Paris, trabalhando para jornais como O Estado de São Paulo, O Globo ou a revista O Cruzeiro. Em 1956 passou a viver em Amesterdão, na Holanda, como assessor do adido comercial da Embaixada do Brasil. Licenciou-se (com uma tese sobre Raul Brandão) na Univ. de Amesterdão, onde foi docente de Literatura Portuguesa entre 1964 e 1988.
De ascendência transmontana, J.Rentes de Carvalho nasceu em 1930, em Vila Nova de Gaia, onde viveu até 1945. Frequentou no Porto o Liceu Alexandre Herculano, e mais tarde os de Viana do Castelo e de Vila Real, tendo cursado Românicas e Direito em Lisboa – onde cumpriu o serviço militar. Obrigado a abandonar o país por motivos políticos, viveu no Rio de Janeiro, em São Paulo, Nova Iorque e Paris, trabalhando para jornais como O Estado de São Paulo, O Globo ou a revista O Cruzeiro. Em 1956 passou a viver em Amesterdão, na Holanda, como assessor do adido comercial da Embaixada do Brasil. Licenciou-se (com uma tese sobre Raul Brandão) na Univ. de Amesterdão, onde foi docente de Literatura Portuguesa entre 1964 e 1988.
Dedica-se desde então exclusivamente à escrita e a uma vasta colaboração em jornais portugueses, brasileiros, belgas e holandeses, além de várias revistas (...)
La Coca
Manuel Galeano - que sempre tivera "o contrabando no sangue" - sumiu antes do segundo encontro. Inesperadamente, como cruzara o caminho do seu velho conhecido em Amesterdão. O primeiro encontro, seguido de uma conversa saborosa no bar de um hotel, cheia de memórias de juventude e de algumas confidências do presente, é o ponto de partida para uma longa evocação e uma viagem sentimental: da história do tráfico entre o Minho e a Galiza - tráfico de cigarros, uísque, barras de ouro, gado e café e mais recentemente de narcóticos - e os seus protagonistas - Diogo Romano, El Min, Sito Miñano, o Pardal, o Pepe, Mustafé e o Laurestim-, que durante décadas enformaram o imaginário pícaro local; e a viagem de revisitação que o autor deste livro faz aos lugares da infância e da primeira idade adulta.
"!La Coca" é também uma investigação literária - que se materializa neste livro - e um pequeno tratado dos mecanismos da memória. Um romance breve, profundamente irónico e terno. E a escrita clara, brilhante, de Rentes de Carvalho.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
eNcaminha / Na Praça
Subi ontem à torre.
Enquadrada entre os merlões, pintada pela barraquinha dos legumes e invadida por chapéus-de-sol, parece de todo inoportuno chamar à Praça outros condimentos.
Incontornável…
Ocorre-me “El Min”.
Personagem real, quase lendária, com história curta mas fora de série. Assim se lhe refere J. Rentes de Carvalho em La Coca. Armado de correntes entremeadas de porcas de aço, “El Min” terá aqui assaltado, em plena Praça , um conhecido jornalista, especializado em casos de tráfico de droga.
Ali, nas barbas do Chafariz… todo ele evocação de navegações e navegantes, curiosamente os mesmos que aqui fizeram chegar a Erva Sancta, que o Contrato do Tabaco, submetendo o seu comércio ao regime de monopólio estatal , há-de empurrar para o contrabando.
[1] Alvará de Ley de 21 de Junho de 1703.
Reconhecendo-lhe alguns carácter sagrado, mágico e ritualista e outros um alto valor terapêutico, acesa terá sido a discussão, a crítica e repressão à volta desta exótica novidade e quando a suspeita de que a sua utilização diminuía a virilidade assustou o Poder, (sempre tão necessitado de peões para o xadrez da guerra) de pronto endureceu a repressão.
Contudo, cientes de que o que se veda e proíbe mais apetecido se torna […] governantes e Igreja intuem por fim uma radical mudança de estratégia, substituindo as medidas até então repressivas por outras mais pragmáticas:
No ano de 1629 o Cardeal Richelieu estabelece o primeiro imposto sobre o Tacabo, e nem 50 anos serão passados e já Colbert surge como o primeiro inspirador do monopólio do fabrico e da venda, (decretado em 1674).
No mostruário das flores existentes neste planeta, sobressai, uma planta solanácea, vulgo tabaco […] que se impôs graças, por um lado, aos seus modos insinuantes de consumo (cachimbo, rapé, charuto, cigarro) e, por outro, aquela “ prodigiosa química, com que pó e fumo, em prata e ouro se convertem (Pe Rafael Bluteau) [2].
LC/Agosto 2011
[2] Silva, A.(1986). A censura do Tabaco do Padre Jerónimo da Mota e dois escritos de Ribeiro Sanches (separata de Brácara Augusta – revista cultural de Regionalismo e Historia da Câmara Municipal de Braga, vol XXXIX de 1985, nº 87-88, p.10). Braga: ADB/UM
quarta-feira, 27 de julho de 2011
NÃO É POETA QUEM QUER...
- […] Então você […] que passa a vida a traduzir livros não podia também escrever um?
- Era preciso que tivesse talento para isso. […] eu sei que todos os dias aparecem por aí novos escritores, ou quanto mais não seja candidatos a escritores, mas, para ser franco, duvido muito da qualidade da esmagadora maioria deles… […] Sabe, […] para se ser escritor é preciso possuir talento, disponibilidade mental, espírito de sacrifício, cultura literária, e… boas histórias para contar. Porque ao contrário do que dizem [as pessoas], as suas vidas não dariam qualquer romance, talvez nem uma página. E há outro elemento, muito importante, que […] não referi: para se escrever um livro […] é preciso que o autor tenha também mundividência. Ora o que mais vemos por aí é gente sem mundo, sem conhecimento de coisa nenhuma ou de muito pouco, a escrever livros com a mesma facilidade de quem escreve mensagens para os amigos nas redes sociais.
[…] nas últimas décadas o populus deitou-se a escrever, ciente de que as balbúcias do ego são uma expressão de arte; que dos espasmos da bebedeira, da anorexia nervosa, do incesto, do amor aos cães, da ecologia – de tudo, afinal, mesmo os espíritos mais simples podem tirar um livro […]. E os editores editam, […] o populus admira-se e regozija-se consigo próprio.
carlos ponte
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Testemunho de José Manuel Saraiva
Aqui divulgamos o testemunho do escritor José Manuel Saraiva relativo à sessão realizada no passado dia 15 de Julho, na Biblioteca Municipal.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
A Passarada
Já andava aflita com o desapareciemnto da Passarada. Seria do calor e andavam de bico aberto, pelas esquinas, sem pio? Andarão a ver-se " ao espelho", a digerir a "assande de carne"? Ou haverá novo segredo na Vaticano e a Companhia anda a tramá-las?!
Afinal, nem todos estão à sombra. O nosso amigo Carlos (queriam saber o nome, não era?) está cheio de garra! Muito bem! Bela escrita. Também tenho tentado, ainda, ruminar (Não é muito de pássaro, pois não?) as últimas leituras, e ... conversamos na 6ª.
Entretanto, já degluti A humilhação, Philip Roth. Gostei. Recomendo.
As biacadas ternas da vossa
P.S. O que dirá de tudo isto o Dr. António Sousa Homem? Andará também muito ocupado? Já irá passar a pasta à Maria Luísa?
Afinal, nem todos estão à sombra. O nosso amigo Carlos (queriam saber o nome, não era?) está cheio de garra! Muito bem! Bela escrita. Também tenho tentado, ainda, ruminar (Não é muito de pássaro, pois não?) as últimas leituras, e ... conversamos na 6ª.
Entretanto, já degluti A humilhação, Philip Roth. Gostei. Recomendo.
As biacadas ternas da vossa
Escrevedeira
P.S. O que dirá de tudo isto o Dr. António Sousa Homem? Andará também muito ocupado? Já irá passar a pasta à Maria Luísa?
sábado, 25 de junho de 2011
A TERRA TODA, OS CEGOS E O ELEFANTE.
Um dia quatro cegos apalpavam um elefante. Um deles tocou-lhe na perna e logo exclamou:
- O elefante é como um pilar!
O segundo, que tacteava a tromba do bicho, disse:
- Não, o elefante é como uma serpente!
O terceiro apalpou a barriga do paquiderme e afirmou:
- Não, não. Não têm razão. O elefante é igual a um tonel!
Finalmente, o quarto cego, que acariciava as orelhas do animal, naquela forma definitiva dos “cegos”, afiançou:
- O elefante é como um abano!
Então, começaram a discutir entre si, a forma e o aspecto do animal e, quase chegaram a vias de facto. Um transeunte, vendo-os discutir, perguntou-lhes o que se passava. Cada um deles apresentou os seus pontos de vista e, no fim, pediram-lhe para decidir qual deles tinha razão. O transeunte, depois de meditar alguns momentos, sentenciou:
- Nenhum de vocês viu o elefante!
Vezes sem conta lembro-me desta parábola admirável. Ontem, depois de ter acabado de ler o último livro de José Manuel Saraiva, lembrei-me, mais uma vez, dos cegos e do elefante.
Rafael, personagem principal do romance, acabado de chegar aos sessenta anos, é abandonado por Sara, sua companheira dos últimos quatro. O episódio atira-o para uma depressão que a pouco e pouco o vai consumindo. Depois de muito instado por um amigo, lá resolve procurar a ajuda de uma psiquiatra que, no dizer do conselheiro, o irá para sempre libertar da solidão que o consome e das ideias que o mortificam. Em grande parte, o livro gira à volta das sessões com a psiquiatra Clara Gautier e é precisamente da primeira dessas sessões, que agora, finda a leitura, eu me recordo.
Depois de muito esforço - «Acredite que não foi fácil chegar até aqui, doutora» -, Rafael lá se decide encontrar com a clínica. O primeiro capítulo do livro relata a primeira sessão do programa de tratamento. O doente está ali para falar, e o médico só de quando em vez introduz uma ou outra pedrinha no discurso não para o travar mas, tão só, para o direccionar. E Rafael falou. Falou de Sara e de todos os gestos simples do dia-a-dia, mesmo daqueles que um amante empedernido como eu acharia sem qualquer significado. Falou do pai e da mãe como o teriam feito o Tony Soprano ou o Alexander Portnoy. Falou de casamento e de traição, falou de amor e de ódio, falou de verdade e de mentira, falou de tudo e falou de nada. E fê-lo com um discurso tão redondo, com umas frases tão concordantes, que eu pensei logo ali, no final do primeiro capítulo, ter encontrado a óbvia razão para o abandono da Sara: Cansou-se! Cansou-se de o ouvir e partiu para outra.
Vejo agora que aquele primeiro discurso transportava já sinais que indiciavam uma mente perturbada, mas eu, que não sou psicanalista e que acabo mesmo de ver esfumar-se alguma ténue ilusão, que pudesse ainda subsistir, de um dia vir a sentar alguém no meu divã, eu, dizia, não os consegui ler e, qual cego da parábola, quis logo tirar conclusões definitivas no final do primeiro capítulo. Erro meu. O último livro de José Manuel Saraiva, “A Terra Toda” é para se ir apalpando, tacteando, acariciando as páginas todas que só assim se compreenderá a mente intrincada de Rafael moldada pelas circunstâncias de uma existência difícil.
carlos ponte
- O elefante é como um pilar!
O segundo, que tacteava a tromba do bicho, disse:
- Não, o elefante é como uma serpente!
O terceiro apalpou a barriga do paquiderme e afirmou:
- Não, não. Não têm razão. O elefante é igual a um tonel!
Finalmente, o quarto cego, que acariciava as orelhas do animal, naquela forma definitiva dos “cegos”, afiançou:
- O elefante é como um abano!
Então, começaram a discutir entre si, a forma e o aspecto do animal e, quase chegaram a vias de facto. Um transeunte, vendo-os discutir, perguntou-lhes o que se passava. Cada um deles apresentou os seus pontos de vista e, no fim, pediram-lhe para decidir qual deles tinha razão. O transeunte, depois de meditar alguns momentos, sentenciou:
- Nenhum de vocês viu o elefante!
Vezes sem conta lembro-me desta parábola admirável. Ontem, depois de ter acabado de ler o último livro de José Manuel Saraiva, lembrei-me, mais uma vez, dos cegos e do elefante.
Rafael, personagem principal do romance, acabado de chegar aos sessenta anos, é abandonado por Sara, sua companheira dos últimos quatro. O episódio atira-o para uma depressão que a pouco e pouco o vai consumindo. Depois de muito instado por um amigo, lá resolve procurar a ajuda de uma psiquiatra que, no dizer do conselheiro, o irá para sempre libertar da solidão que o consome e das ideias que o mortificam. Em grande parte, o livro gira à volta das sessões com a psiquiatra Clara Gautier e é precisamente da primeira dessas sessões, que agora, finda a leitura, eu me recordo.
Depois de muito esforço - «Acredite que não foi fácil chegar até aqui, doutora» -, Rafael lá se decide encontrar com a clínica. O primeiro capítulo do livro relata a primeira sessão do programa de tratamento. O doente está ali para falar, e o médico só de quando em vez introduz uma ou outra pedrinha no discurso não para o travar mas, tão só, para o direccionar. E Rafael falou. Falou de Sara e de todos os gestos simples do dia-a-dia, mesmo daqueles que um amante empedernido como eu acharia sem qualquer significado. Falou do pai e da mãe como o teriam feito o Tony Soprano ou o Alexander Portnoy. Falou de casamento e de traição, falou de amor e de ódio, falou de verdade e de mentira, falou de tudo e falou de nada. E fê-lo com um discurso tão redondo, com umas frases tão concordantes, que eu pensei logo ali, no final do primeiro capítulo, ter encontrado a óbvia razão para o abandono da Sara: Cansou-se! Cansou-se de o ouvir e partiu para outra.
Vejo agora que aquele primeiro discurso transportava já sinais que indiciavam uma mente perturbada, mas eu, que não sou psicanalista e que acabo mesmo de ver esfumar-se alguma ténue ilusão, que pudesse ainda subsistir, de um dia vir a sentar alguém no meu divã, eu, dizia, não os consegui ler e, qual cego da parábola, quis logo tirar conclusões definitivas no final do primeiro capítulo. Erro meu. O último livro de José Manuel Saraiva, “A Terra Toda” é para se ir apalpando, tacteando, acariciando as páginas todas que só assim se compreenderá a mente intrincada de Rafael moldada pelas circunstâncias de uma existência difícil.
carlos ponte
terça-feira, 21 de junho de 2011
Próxima CONVERSA
Dia 15 de Julho, pelas 21,30 horas, na Sala Couto Viana, vamos estar À conversa com… José Manuel Saraiva, a propósito da apresentação do seu livro intitulado "A Terra Toda".
José Manuel Saraiva nasceu na aldeia de Santo António d'Alva, em 1946. Foi jornalista, tendo pertencido aos quadros de O Diário, Diário de Lisboa, Grande Reportagem e Expresso.
É autor de dois comentários sobre a Guerra Colonial, produzidos pela SIC, um dos quais foi transmitido pelo canal Arte em França e na Alemanha. É sua igualmente a história que deu origem ao telefilme A Noiva, de Luis Galvão Teles.
Em 2001, publica a sua primeira obra, As Lágrimas de Aquiles. Seguiram-se os romances Rosa Brava (2005) e Aos Olhos de Deus (2008), que o consagraram como um dos mais populares autores portugueses.
A Terra Toda
Abandonado por uma mulher que o traiu com outro homem, Rafael recorre às consultas de uma psicanalista, com quem acabará por se envolver. Só que ele não sabe que está com isso a ressuscitar o seu passado e a expor-se a uma traição ainda mais dolorosa. Fazendo uma pausa no romance histórico, que o consagrou como um dos mais populares autores portugueses, José Manuel Saraiva mergulha agora nas águas mais profundas da nossa actualidade, abordando um tema escaldante que fará ainda estremecer algumas boas consciências.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
TESTEMUNHO DE LUÍS MIGUEL ROCHA
Aqui publicamos o testemunho deixado pelo escritor Luís Miguel Rocha relativo à sessão realizada no passado dia 17 de Junho, na Biblioteca Municipal.
quarta-feira, 8 de junho de 2011
À conversa com... Luís Miguel Rocha
Dia 17 de Junho, às 21.30 horas, na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, vamos estar À conversa com... Luís Miguel Rocha, a propósito do seu mais recente livro intitulado "A Mentira Sagrada", editado pela Porto Editora.
Luís Miguel RochaNasceu na cidade do Porto em 1976, onde mora actualmente. Passou a infância e adolescência em Viana do Castelo.
Foi repórter de imagem, tradutor e guionista. Actualmente dedica-se exclusivamente à
escrita.
A Mentira Sagrada é o seu quinto livro, depois de Um País Encantado (2005), O Último Papa (2006), Bala Santa (2007) e A Virgem (2009). As suas obras estão publicadas em mais de 30 países e foi o primeiro autor português a entrar para o top do New York Times. O Último Papa, best-seller internacional, vendeu mais de meio milhão de exemplares em todo o mundo.
Será que Jesus nasceu em Belém e viveu em Nazaré? E quem, na realidade, o condenou a morrer na cruz? E será que tudo isso aconteceu como está descrito na Bíblia ou... nada daquilo terá sido assim? Esqueça tudo o que sabe ou pensa que sabe sobre Jesus, o Cristo. Qual é o grande segredo do Vaticano que cada Papa tem de manter até à morte? E a que preço? O que está escrito no documento que apenas pode ser lido por Papas desde Clemente VII (1530) e agora está nas mãos de Bento XVI? Em 1947, um beduíno descobriu um conjunto de manuscritos em Qumran. Será que foi mesmo ele ou tudo não passou de uma encenação para esconder algo muito maior? E que tão importante evangelho guarda um milionário israelita em Londres? Será mesmo o mais importante documento da Cristandade? Este livro leva-o numa demanda em busca do Jesus verdadeiro, do homem, e não da fantasia em que se tornou ao longo dos séculos e milénios. Descubra Jesus, tal como ele foi. Um livro em que o papa Bento XVI e o Secretário de Estado Tarcisio Bertone também são protagonistas e onde todos os documentos mencionados existem realmente.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
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